Quando um pet está em disbiose por muito tempo, ele começa a apresentar sinais graves de doenças que podem atingir desde o intestino, até outras partes do corpo. Nestes casos, o tratamento é complexo e precisa da abordagem holística do veterinário e de muita resiliência do tutor para conseguir sucesso. A causa deve ser investigada a fundo, porém dependendo da gravidade e do período em que o pet está com disbiose, muitos sinais clínicos graves, como diarreias agudas com sangue (diarreia sanguinolenta) e dores abdominais, precisam de uma intervenção imediata.
Apesar de controverso, em muitas situações, o uso de antibióticos se faz necessário para conseguir aliviar os sinais clínicos e, quando a situação é grave, é necessário estabilizar o paciente para depois conseguir recuperar a microbiota intestinal. Deve-se sempre ter em mente que os antibióticos têm um efeito negativo sobre a microbiota intestinal, justamente porque eles eliminam todas as bactérias . Por isso, o acompanhamento do status da microbiota intestinal com a detecção da disbiose precoce é uma das melhores formas de prevenir doenças mais graves e, consequentemente, o uso de antibióticos.
Tratamento inovador #1
Modulação intestinal
Se o pet melhorar após o uso de antibióticos ou apresentar uma disbiose moderada ou até uma disbiose grave, mas sem sinais de emergência, é possível realizar um tratamento inovador: a modulação da microbiota intestinal. Este tratamento é feito com o uso de probióticos, prebióticos, posbióticos e simbióticos. Sendo a associação de probióticos com prebióticos, a abordagem mais empregada.
Os probióticos ajudam as bactérias benéficas que conseguem se multiplicar e colonizar o intestino e assim, ocorre a inibição da adesão de bactérias patogênicas à mucosa intestinal, bem como da absorção de toxinas, como as produzidas por Clostridium perfringens. Cães com diarreia aguda sanguinolenta que foram tratados com altas doses de probióticos se recuperaram mais cedo do que cães que não receberam o mesmo tratamento. Este resultado pode ter relação com os efeitos dos probióticos sobre o epitélio intestinal, pois existem evidências de que eles aumentam a expressão de proteínas que melhoram a integridade da mucosa intestinal, evitando o intestino permeável.
Estes tratamentos estão sempre associados a um acompanhamento da dieta e da microbiota.
Os prebióticos são alimentos que o hospedeiro não consegue digerir e são fermentados por bactérias que geram os produtos que são então absorvidos pelo hospedeiro. Quando estes alimentos estão disponíveis para as bactérias, elas se multiplicam e criam um ambiente que favorece as outras bactérias benéficas a se multiplicarem também. Ou seja, um ajuda o outro a colonizar o intestino. E quando os prebióticos e os probióticos estão juntos, ocorre a produção de ácidos graxos voláteis.
Os ácidos graxos voláteis que servem de alimento para as células intestinais, ajudando a manter a saúde do intestino. O butirato é o principal ácido graxo volátil que serve como alimento para as células intestinais, por isso, altas concentrações dele estão associadas à saúde do intestino, proliferação das células intestinais e redução de câncer de cólon. Os prebióticos impedem a fixação de bactérias patogênicas na parede intestinal por estimular o sistema imunológico que existe no intestino. A proliferação das bactérias fermentadoras que se alimentam dos prebióticos reduz a formação de toxinas.
Por isso a inclusão de fibras fermentáveis na dieta pode trazer efeitos benéficos para a microbiota intestinal.
Tratamento inovador #2
Transplante de microbiota fecal
Outro tratamento inovador é o transplante de microbiota fecal (TMF) para tratar diarreias agudas e crônicas. Em um estudo, cães com parvovirose que receberam o tratamento com TMF recuperaram-se mais rapidamente do que cães que não receberam. Este tratamento pode ser feito apenas com acompanhamento veterinário, pois existem condições e protocolos específicos que devem ser relacionados com as especificidades dos pacientes que estão sendo tratados.
Não existe um apenas um protocolo de tratamento para tratar todos os pacientes. Porém podemos dizer que geralmente, os pets vão precisar de uma combinação de monitoramento de dieta e da microbiota, uso de probióticos, prebióticos, posbióticos, simbióticos, e em alguns casos os antibióticos por um curto período de tempo. Além disso, existem tratamentos inovadores como a modulação intestinal e o transplante de microbiota fecal.
Converse sempre com seu veterinário para fazer a melhor abordagem para o seu pet! E para monitorar a microbiota, conte conosco! A Petbiomas tem o teste ideal que determina a diversidade e a abundância do microbioma intestinal
Escrito por Flavio O. Francisco, PhD.
Referências
Canine microbiome dysbiosis por Jan Suchodolski – disponível em: https://vetfocus.royalcanin.com/en/scientific/canine-microbiome-dysbiosis
Disbiose intestinal canina: diagnóstico e tratamento por Ricardo Duarte – disponível em: https://www.premierpet.com.br/wp-content/uploads/2020/11/Disbiose-intestinal-canina-Diagnostico-e-tratamento.pdf