nutrientes afetam microbioma

Nutrientes e o microbioma intestinal

Os microrganismos do microbioma intestinal de um animal fornecem substâncias benéficas à ele em retorno pelo uso de nutrientes que ele consome. Em adição, esses microrganismos também ajudam em todo o processo de digestão desses nutrientes.

Nutrientes: carboidratos e vitaminas

Os cães são carnívoros, o que significa que eles prosperam com uma dieta rica em carne; mas eles também tem capacidade de aproveitar qualquer alimento disponível para obter nutrientes. Em cães, os genes bacterianos mais comuns são aqueles envolvidos no metabolismo de carboidratos, principalmente manose (monossacarídeo) e rafinose (trissacarídeo).

A fermentação de carboidratos por bactérias como Bacteroides, Roseburia, Ruminococcus e Lachnospiraceae resulta na síntese de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), como butirato, propionato e acetato, que são fontes de energia para o animal. Além disso, AGCC têm efeitos benéficos na saúde do hospedeiro, incluindo efeitos imunomoduladores, antidiarreicos e um efeito regulador na motilidade gastrointestinal. No caso de felinos, que são carnívoros obrigatórios, consumir carne crua aumenta a quantidade das bactérias Clostridium e Eubacterium, que são conhecidas por produzir AGCC.

A síntese de vitamina K e vários componentes da vitamina B também são funções importantes da microbiota intestinal. A vitamina K, que é uma vitamina lipossolúvel, desempenha um importante papel coagulação da protrombina. Portanto, nos casos de deficiência de vitamina K há risco de sangramento intestinal.

A vitamina B12 é importante em muitos aspectos da saúde de um animal. É crucial na formação e crescimento das células sanguíneas e também para manter os sistemas nervoso e digestório saudáveis.

Nutrientes: lipídios e proteínas

No microbioma de cães também já foram encontrados genes que afetam a atividade da lipoproteína lipase em adipócitos, confirmando que as bactérias intestinais de cães também estão envolvidas no metabolismo de lipídios. Uma das cepas (tipos) bacterianas encontradas foi a Clostridium hiranonis, uma espécie bacteriana associada ao metabolismo normal dos ácidos biliares (AB). O metabolismo dos AB é uma via importante não apenas para a digestão de lipídios, mas também para a regulação da inflamação intestinal; e esse metabolismo é comumente alterado em doenças gastrointestinais crônicas.

Dietas ricas em proteínas como nutrientes aumentam a abundância de bactérias Clostridiaceae não prejudiciais à saúde dos cães, pois elas estão associadas à digestão de proteínas. Além disso, bactérias Clostridiaceae se correlacionaram negativamente com o conteúdo de proteína fecal (ou seja, mais Clostridiaceae resulta em menos proteína restante nas fezes).

A serotonina é essencial para a saúde intestinal. Cerca de 90% da serotonina produzida no corpo tem origem nos intestinos, onde regula a motilidade, a secreção e o fluxo sanguíneo através do sistema nervoso entérico. A produção de serotonina também é parcialmente controlada pelo microbioma, seja pela produção direta de serotonina por bactérias, seja pelo consumo de seu precursor, o aminoácido triptofano.

Concluindo, é possível observar que os nutrientes influencoam diretamente a composição do microbioma intestinal nos animais, que por sua vez está correlacionada com sua saúde geral. A identificação das bactérias e de seus compostos envolvidos na patogênese de doenças gastrointestinais pode auxiliar no desenvolvimento de novas ferramentas diagnósticas e terapêuticas.

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Escrito por Flavio O. Francisco, PhD.

Mais informações nos artigos abaixo

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