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O que os antibióticos fazem com as bactérias intestinais?

Os antibióticos salvam milhões de vidas todos os anos combatendo infecções bacterianas, mas esses medicamentos também podem matar os microrganismos benéficos que residem em nosso intestino, causando problemas de saúde a longo prazo. Agora, pesquisadores da Alemanha, Reino Unido e Coreia do Sul analisaram os efeitos de mais de 140 desses medicamentos nas bactérias intestinais mais comuns.

As descobertas, publicadas na revista científica Nature, sugerem novas estratégias para mitigar alguns dos danos colaterais das terapias com antibióticos.

As comunidades de microrganismos que vivem em nosso intestino nos ajudam a usar os nutrientes de forma mais eficiente e impedem que bactérias patogênicas se instalem no intestino. Os antibióticos inibem o crescimento de bactérias patogênicas, mas também podem danificar a microbiota intestinal. Os efeitos colaterais desses medicamentos incluem diarreia, infecções por Clostridioides difficile e o desenvolvimento de doenças alérgicas, metabólicas, imunológicas ou inflamatórias.

Para entender melhor os efeitos dos antibióticos nos microrganismos intestinais, pesquisadores liderados por Athanasios Typas e Lisa Maier da Universidade de Tübingen analisaram como cada um dos 144 antibióticos afetou o crescimento e a sobrevivência de cepas bacterianas que são comumente encontradas no intestino humano.

Danos colaterais dos antibióticos

Primeiro, os pesquisadores determinaram as concentrações em que um determinado antibiótico afetaria cada cepa bacteriana. Os experimentos revelaram que dois tipos deles – tetraciclinas e macrolídeos – não apenas bloquearam o crescimento de quase todas as bactérias intestinais testadas, mas também mataram muitas dessas espécies bacterianas.

Em particular, a equipe descobriu que doxiciclina, eritromicina e azitromicina, que são comumente usadas para combater infecções bacterianas, mataram várias espécies microbianas intestinais. Cerca de metade dos microrganismos testados não sobreviveram ao tratamento com tetraciclinas e macrolídeos. As bactérias mortas foram eliminadas das comunidades microbianas mais facilmente do que os microrganismos cujo crescimento foi apenas inibido, descobriram os pesquisadores.

“Não esperávamos ver esse efeito com tetraciclinas e macrolídeos, pois essas classes de medicamentos foram consideradas como tendo apenas efeitos bacteriostáticos – o que significa que eles interrompem o crescimento bacteriano, mas não matam as bactérias”, diz a co-primeira autora do estudo, Camille Goemans. “Nossos experimentos mostram que essa suposição não é verdadeira para cerca de metade dos microrganismos intestinais que estudamos”.

Um antídoto aos antibióticos?

Em seguida, a equipe começou a reduzir os danos colaterais das tetraciclinas e macrolídeos. Pesquisas anteriores da equipe de Typas mostraram que os medicamentos interagem de maneira diferente com diferentes espécies bacterianas. “Portanto, exploramos se um segundo medicamento poderia mascarar os efeitos nocivos dos antibióticos em microrganismos intestinais abundantes, mas permitir que eles retenham sua atividade contra patógenos”, diz Typas. “Isso forneceria algo como um antídoto, que reduziria os danos colaterais desses medicamentos nas bactérias intestinais”.

Os pesquisadores rastrearam drogas que inibiam a atividade antibiótica contra Bacteroides, mas não contra espécies patogênicas. Eles identificaram vários medicamentos não antibióticos, incluindo um medicamento anticoagulante chamado Dicumarol, que reduziu os efeitos nocivos dos antibióticos nos microrganismos intestinais, sem comprometer a eficácia deles contra patógenos.

“Nossa abordagem que combina antibióticos com um antídoto protetor pode abrir novas oportunidades para reduzir os efeitos colaterais prejudiciais desses medicamentos em nossos microbiomas intestinais”, diz Maier. Os pesquisadores alertam que nenhum antídoto pode proteger todas as bactérias em nosso intestino. No entanto, observa Maier, “esse conceito abre as portas para o desenvolvimento de novas estratégias personalizadas para manter nossos microrganismos intestinais saudáveis”.

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Escrito por Giorgia Guglielmi
Traduzido e adaptado por Flavio O. Francisco, PhD.

Clique aqui para ler o artigo original em inglês.

Mais informações nos artigos abaixo

Lindell A.E., Zimmermann-Kogadeeva M., Patil K.R. 2022. Multimodal interactions of drugs, natural compounds and pollutants with the gut microbiota. Nature Reviews Microbiology. https://doi.org/10.1038/s41579-022-00681-5

Maier L., Goemans C.V., Wirbel J. et al. 2021. Unravelling the collateral damage of antibiotics on gut bacteria. Nature 599: 120-124. https://doi.org/10.1038/s41586-021-03986-2

Roemhild R., Bollenbach T., Andersson D.I. 2022. The physiology and genetics of bacterial responses to antibiotic combinations. Nature Reviews Microbiology. https://doi.org/10.1038/s41579-022-00700-5

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