microbioma do gato e importante

Por que o microbioma do seu gato é importante?

Microbioma é uma comunidade de bactérias, fungos, vírus (e outras coisas minúsculas) que ocupam um determinado habitat, como o trato gastrointestinal (TGI). Estamos apenas começando a explorar os papéis desempenhados pelo microbioma na manutenção da saúde dos gatos domésticos (Inness et al. 2007, Janeczko et al. 2008, Suchodolski 2011). Dessa maneira, o microbioma vem ganhando cada vez mais relevância nos estudos científicos.

O TGI de gatos domésticos comporta um microbioma diversificado que influencia diretamente a saúde e nutrição do gato (Simpson 1998, Jergens 2002, Guilford e Matz 2003, Weese et al. 2004). O duodeno felino (a parte do intestino logo após o estômago) abriga até 100 milhões de células por grama de fezes e é dominado por bactérias que vivem em ambientes com baixos níveis de oxigênio (Johnston et al. 1993, Papasouliotis et al. 1998, Johnston et al. 2001).

Por que devo me preocupar com o microbioma do meu gato?

Assim como as pessoas, várias condições de saúde em gatos (e cães) estão associadas a mudanças na composição de bactérias (ou seja, do microbioma) no intestino. Se o seu gato tem problemas digestivos, você pode querer saber como o microbioma seu gato se compara a gatos saudáveis e a gatos com condições semelhantes. Esta informação será útil para você decidir quais intervenções (dieta, antibióticos, esteróides, transplantes fecais, etc.) irão ajudá-lo a fornecer os melhores cuidados para que seu gato tenha uma vida longa e feliz.

Como um gato adquire seu microbioma?

Os gatos, como os humanos e a maioria dos outros mamíferos, são colonizados por bactérias durante o parto e nascimento. No entanto, ao contrário das pessoas, cada gatinho chega envolto em um saco amniótico, que é uma membrana gelatinosa cheia de líquido. Após o nascimento, as mães começam a lamber o gatinho e abrem este saco permitindo que ele respire. Uma vez exposta ao mundo exterior, o microbioma do gatinho é alterada por tudo com que ele interage e come, e sua comunidade microbiana sofre mudanças dramáticas na composição e estrutura das espécies desde o desmame do leite materno até a digestão de uma dieta rica em proteínas, seja natural ou ração (Vester et al. 2009).

É compreensível que a maioria das pesquisas sobre o microbioma intestinal felino se concentrou nos efeitos da dieta (por exemplo, Lubbs et al. 2009, Vester et al. 2009, Barry et al. 2012, Bermingham et al. 2013, Hooda et al. 2013). E é possível que a alta quantidade de carboidratos encontrada em alguns alimentos comerciais para gatos seja problemática para eles. Atualmente, existem vários estudos sendo conduzidos para examinar como a alimentação de gatos com uma dieta crua afeta seu microbioma. Se você está curioso para ver como o microbioma do seu gato se compara ao de outros gatos, confira nosso kit de exame de microbioma de gatos.

A história evolutiva também importa para o microbioma

Além da dieta, a história evolutiva afeta a composição do microbioma intestinal. Por exemplo, um estudo sobre bactérias intestinais em uma ampla gama de mamíferos conduzido por Ley et al. (2008) demonstra que tanto a dieta (herbívoro, onívoro e carnívoro) quanto o agrupamento taxonômico do mamífero (como ordens: Primata, Insectivora e Carnivora) influenciam os padrões de diversidade bacteriana. 

Embora a ordem Carnivora, o grupo taxonômico que inclui a família dos felinos, contenha muitos onívoros (como ursos e guaxinins) e até alguns herbívoros (como pandas), os gatos são estritamente carnívoros (comem carne). Na natureza, eles obtêm 98% de sua energia de proteínas e gorduras animais e cerca de 1-2% de fontes de carboidratos, como glicogênio. Os gatos são incapazes de produzir certos aminoácidos e necessitam de uma dieta rica em proteínas. Dependendo do tamanho do gato, eles consumirão toda ou parte da carcaça da presa que mataram.


Escrito por Holly Ganz, PhD.
Traduzido e adaptado por Flavio O. Francisco, PhD.

Clique aqui para ler o artigo original em inglês.

Mais informações nos artigos abaixo

Adlerberth, I. 2008. Factors influencing the establishment of the intestinal microbiota in infancy.

Barry, K. A., I. S. Middelbos, B. M. Vester Boler, S. E. Dowd, J. S. Suchodolski, B. Henrissat, P. M. Coutinho, B. A. White, G. C. Fahey Jr, and K. S. Swanson. 2012. Effects of dietary fiber on the feline gastrointestinal metagenome. Journal of Proteome Research 11:5924-5933.

Bermingham, E. N., W. Young, S. Kittelmann, K. R. Kerr, K. S. Swanson, N. C. Roy, and D. G. Thomas. 2013. Dietary format alters fecal bacterial populations in the domestic cat (Felis catus). MicrobiologyOpen 2:173-181.

Carvalho, F. A., O. Koren, J.K. Goodrich, M.E. Johansson, I. Nalbantoglu, J.D. Aitken, … & Gewirtz, A. T. (2012). Transient inability to manage proteobacteria promotes chronic gut inflammation in TLR5-deficient mice. Cell Host & Microbe 12: 139-152.

Desai, A. R., K. M. Musil, A. P. Carr, and J. E. Hill. 2009. Characterization and quantification of feline fecal microbiota using cpn 60 sequence-based methods and investigation of animal-to-animal variation in microbial population structure. Veterinary Microbiology 137:120-128.

Guilford, W. and M. Matz. 2003. The nutritional management of gastrointestinal tract disorders in companion animals. New Zealand Veterinary Journal 51:284-291.

Handl, S., S. E. Dowd, J. F. Garcia‐Mazcorro, J. M. Steiner, and J. S. Suchodolski. 2011. Massive parallel 16S rRNA gene pyrosequencing reveals highly diverse fecal bacterial and fungal communities in healthy dogs and cats. FEMS Microbiology Ecology 76:301-310.

Hooda, S., B. M. Vester Boler, K. R. Kerr, S. E. Dowd, and K. S. Swanson. 2013. The gut microbiome of kittens is affected by dietary protein: carbohydrate ratio and associated with blood metabolite and hormone concentrations. British Journal of Nutrition 109:1637-1646.

Inness, V., A. McCartney, C. Khoo, K. Gross, and G. Gibson. 2007. Molecular characterisation of the gut microflora of healthy and inflammatory bowel disease cats using fluorescence in situ hybridisation with special reference to Desulfovibrio spp. Journal of Animal Physiology and Animal Nutrition 91:48-53.

Janeczko, S., D. Atwater, E. Bogel, A. Greiter-Wilke, A. Gerold, M. Baumgart, H. Bender, P. McDonough, S. McDonough, and R. Goldstein. 2008. The relationship of mucosal bacteria to duodenal histopathology, cytokine mRNA, and clinical disease activity in cats with inflammatory bowel disease. Veterinary Microbiology 128:178-193.

Jergens, A. 2002. Feline inflammatory bowel disease—current perspectives on etiopathogenesis and therapy. Journal of Feline Medicine and Surgery 4:175-178.

Johnston, K., A. Lamport, and R. Batt. 1993. An unexpected bacterial flora in the proximal small intestine of normal cats. Veterinary Record 132:362-363.

Johnston, K. L., N. C. Swift, M. Forster-van Hijfte, H. C. Rutgers, A. Lamport, O. Ballàvre, and R. M. Batt. 2001. Comparison of the bacterial flora of the duodenum in healthy cats and cats with signs of gastrointestinal tract disease. Journal of the American Veterinary Medical Association 218:48-51.

Ley R. E., P. J. Turnbaugh, S. Klein, and J. I. Gordon. 2006. Microbial ecology: human gut microbes associated with obesity. Nature 444: 1022–1023.

Ley, R. E., M. Hamady, C. Lozupone, P. J. Turnbaugh, R. R. Ramey, J. S. Bircher, … & J. I. Gordon. 2008. Evolution of mammals and their gut microbes. Science 320:1647-1651.

Lubbs, D., B. Vester, N. Fastinger, and K. Swanson. 2009. Dietary protein concentration affects intestinal microbiota of adult cats: a study using DGGE and qPCR to evaluate differences in microbial populations in the feline gastrointestinal tract. Journal of Animal Physiology and Animal Nutrition 93:113-121.

Papasouliotis, K., A. Sparkes, G. Werrett, K. Egan, E. Gruffydd-Jones, and T. Gruffydd-Jones. 1998. Assessment of the bacterial flora of the proximal part of the small intestine in healthy cats, and the effect of sample collection method. American Journal of Veterinary Research 59:48-51.

Ritchie, L. E., K. F. Burke, J. F. Garcia-Mazcorro, J. M. Steiner, and J. S. Suchodolski. 2010. Characterization of fecal microbiota in cats using universal 16S rRNA gene and group-specific primers for Lactobacillus and Bifidobacterium spp. Veterinary Microbiology 144:140-146.

Ritchie, L. E., J. M. Steiner, and J. S. Suchodolski. 2008. Assessment of microbial diversity along the feline intestinal tract using 16S rRNA gene analysis. FEMS Microbiology Ecology 66:590-598.

Shin, N.R., T.W. Whon, & J.W. Bae 2015. Proteobacteria: microbial signature of dysbiosis in gut microbiota. Trends in Biotechnology 33: 496-503.

Simpson, J. W. 1998. Diet and large intestinal disease in dogs and cats. The Journal of Nutrition 128:2717S-2722S.

Suchodolski, J. S. 2011. Intestinal microbiota of dogs and cats: a bigger world than we thought. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice 41:261-272.

Suzuki T. A. and M. Worobey. 2014. Geographical variation of human gut microbial composition. Biol Lett. 10: 20131037.

Tun, H. M., M. S. Brar, N. Khin, L. Jun, R. K.-H. Hui, S. E. Dowd, and F. C.-C. Leung. 2012. Gene-centric metagenomics analysis of feline intestinal microbiome using 454 junior pyrosequencing. Journal of Microbiological Methods 88:369-376.

Vester, B. M., B. L. Dalsing, I. S. Middelbos, C. J. Apanavicius, D. C. Lubbs, and K. S. Swanson. 2009. Faecal microbial populations of growing kittens fed high-or moderate-protein diets. Archives of Animal Nutrition 63:254-265.

Weese, J., H. Weese, L. Yuricek, and J. Rousseau. 2004. Oxalate degradation by intestinal lactic acid bacteria in dogs and cats. Veterinary Microbiology 101:161-166.

Weese, J. S., J. Nichols, M. Jalali, and A. Litster. 2015. The rectal microbiota of cats infected with feline immunodeficiency virus infection and uninfected controls. Veterinary Microbiology 180: 96-102.

Carrinho de compras