Prepare-se para uma jornada emocionante neste mundo microscópico que tem importância macroscópica para a saúde e o bem-estar.
O mundo do microbioma animal é um universo invisível, repleto de diversos microrganismos, que convive com cada ser vivo, desempenhando um papel crucial para a saúde e para a sobrevivência.
O termo ‘microbioma’ refere-se ao genoma coletivo dos microrganismos que residem em um nicho ambiental. No caso dos animais, trilhões de pequenas formas de vida como bactérias, vírus, fungos e protozoários, formam comunidades em várias partes do corpo, com uma maior proporção no intestino.
Essas comunidades microbianas são parte integrante da biologia do hospedeiro, influenciando tudo, desde a digestão e a defesa imunológica até o comportamento e a suscetibilidade a doenças. Além disso, fatores externos como dieta, meio ambiente e o próprio hospedeiro têm grande influência sobre estas comunidades.
O que é o Microbioma Animal?
O microbioma animal refere-se à comunidade de microrganismos, incluindo bactérias, fungos, vírus e seus genes, que habitam naturalmente o corpo dos animais, ou seja, os animais são os hospedeiros desses microrganismos microscópicos.
A convivência saudável com o microbioma é necessária para manter a diversidade e o equilíbrio desta comunidade que por sua vez, contribui significativamente para a saúde e o bem-estar de seus hospedeiros. A diversidade do microbioma animal é vasta e influenciada por fatores como dieta, meio ambiente e tratamentos médicos. Essa diversidade é tipicamente medida de duas maneiras: diversidade taxonômica e diversidade funcional.
A diversidade taxonômica é a presença de uma variedade de diferentes espécies de microrganismos. Esta diversidade depende da espécie hospedeiro, e pode compreender apenas algumas ou muitas espécies diferentes de microrganismos, incluindo bactérias, protistas e fungos.
A diversidade funcional, por outro lado, refere-se às funções biológicas que esses microrganismos desempenham. Por exemplo, alguns micróbios ajudam na digestão, alguns apoiam o sistema imunológico e outros influenciam a saúde do gado.
Em vertebrados, o microbioma intestinal se destaca por possuir uma comunidade complexa de microrganismos, incluindo bactérias, arqueias, vírus e eucariotos microbianos, que desempenham um papel importante nos processos fisiológicos do hospedeiro, como digestão, comportamento, desenvolvimento e imunidade.
Portanto, a mudança da composição do microbioma ao longo do tempo que pode acontecer devido a diferentes fatores, como dieta, medicamentos e exposições ambientais, pode ter consequências significativas para a saúde e sobrevivência do hospedeiro animal.
O Papel do Microbioma Animal na Saúde
A interação entre o microbioma e o hospedeiro é crucial para a saúde geral dos animais. Diversas funções biológicas afetadas por esta interação, incluindo a digestão e a imunidade, que são as principais funções necessárias para a manutenção da saúde e prevenção de doenças.
A digestão é um dos processos mais importantes com o qual o microbioma animal contribui. O processo que mais se destaca é a fermentação de carboidratos complexos em ácidos graxos de cadeia curta ou ácidos graxos voláteis (AGCC ou AGV) que são benéficos para o hospedeiro. Esses ácidos graxos fornecem energia para as células intestinais mantendo a integridade da parede intestinal. Em ruminantes, a fermentação dos nutrientes realizada pela microbiota é essencial para que micronutrientes estejam disponíveis para eles.
O microbioma também desempenha um papel vital no sistema imunológico dos animais. Ele fornece sinais que otimizam a função imunológica e desempenha papéis críticos na maturação do sistema imunológico, e na diferenciação do epitélio intestinal.
A microbiota controla os patógenos por interações diretas, ou indiretas. A interação direta ocorre por competição pelos nutrientes essenciais dispobilizados pelo hospedeiro. Se a microbiota está ativa e saudável ela consegue liberar bacteriocinas suficiente para matar os competidores. A interação indireta é o estímulo da imunidade do hospedeiro e a manutenção da barreira mucosa (pela produção de AGVs) para que o hospedeiro consiga combater os patógenos.
Ao contribuir com estas duas funções biológicas, o microbioma trabalha junto com o hospedeiro para a prevenção de doenças. Um microbioma saudável não só protege contra a colonização por patógenos e o crescimento excessivo de patógenos, estudos demonstram que o microbioma também tem influência sobre o desenvolvimento de obesidade, doenças alérgicas, doenças inflamatórias e algumas formas de doenças autoimunes. O desequilíbrio do microbioma (disbiose) pode ter efeitos adversos na saúde e na resistência a doenças. Portanto, manter um microbioma saudável é importante para prevenir infecções e doenças.
Microbiomas em diferentes espécies animais
Os microbiomas de diferentes espécies animais são tão diversos quanto os próprios animais, refletindo os hábitos alimentares únicos, as exposições ambientais e as necessidades fisiológicas de cada espécie.
A composição da microbiota intestinal reflete claramente a dieta e a estrutura do sistema gastrointestintal. Em um estudo que investigou o microbioma intestinal de 54 espécies de mamíferos, observou-se que grupos específicos de bactérias estavam presentes em animais da mesma espécie, dieta e morfologia intestinal. Para cinco espécies animais (girafas, equinos, babuínos, elefantes e zebras), foi possível comparar a microbiota de indivíduos silvestres e em cativeiro. E foi possível observar diferenças na proporção de microbiota detectada entre o grupo de animais silvestres e em cativeiro da mesma espécie.
A composição do microbioma de um animal está intimamente ligada ao seu ambiente e estilo de vida. Mudanças na dieta, juntamente com outros fatores ambientais, podem ter um grande impacto nos biomas intestinais ao longo do tempo. Por exemplo, alterações na dieta tiveram um grande impacto nos biomas intestinais à medida que os animais foram domesticados, um processo que acompanha de perto as mudanças na dieta humana desde a industrialização. Essa mudança teve implicações na saúde dos animais domesticados, e possivelmente também nos seres humanos.
Em conclusão, os microbiomas são diferentes de acordo com as espécies de animais e são influenciados por uma variedade de fatores, incluindo dieta e meio ambiente. Manter o microbioma saudável ajuda no funcionamento das principais funções biológicas como a digestão e a imunidade, e o resultado é a boa saúde e a melhoria no bem-estar dos animais.
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Referências:
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