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O que acontece quando os gatos engordam? Cientistas avaliam microbioma e outros parâmetros

Os tutores de gatos querem que seu pet seja feliz, mas fornecer comida e petiscos em abundância pode ter consequências indesejadas. A obesidade felina está aumentando, impactando a saúde, a longevidade e o bem-estar dos gatos. Um novo estudo da Universidade de Illinois Urbana-Champaign analisa o que acontece no sistema digestivo e na microbiota intestinal quando os gatos comem demais.

 

 

O problema

“Cerca de 60% dos gatos nos EUA estão acima do peso, o que pode levar a problemas de saúde como diabetes e inflamação crônica. Embora muitos estudos tenham investigado a perda de peso em felinos, tem havido pouco foco no processo oposto, o que também é importante.

 

Neste estudo, queríamos aprender mais sobre as alterações metabólicas e gastrointestinais que ocorrem como resultado da alimentação excessiva e do ganho de peso em gatos”, diz a coautora do estudo Kelly Swanson, professora do Departamento de Ciências Animais e diretora interina da Divisão. de Ciências Nutricionais (DNS) da Universidade de Illinois Urbana-Champaign.

 

 

A pesquisa

O estudo incluiu 11 gatas adultas castradas. Elas foram alimentadas com ração seca padrão para gatos e, após duas semanas de medições iniciais, foram autorizadas a comer o quanto quisessem. Os pesquisadores coletaram amostras de sangue e fezes em intervalos regulares e monitoraram a atividade física.

 

Os pesquisadores analisaram mudanças na produção fecal, tempo de trânsito gastrointestinal, eficiência digestiva (digestibilidade dos nutrientes) e composição bacteriana da microbiota durante as 20 semanas de duração do estudo.

 

 

Os resultados

“Descobrimos que à medida que as gatas comiam mais e ganhavam peso, o tempo de trânsito gastrointestinal era reduzido, assim como a eficiência digestiva. Quando o corpo recebe menos alimentos, será mais eficiente na extração de nutrientes. Mas quando a quantidade de alimento aumenta, ele passa mais rapidamente pelo sistema digestivo e menos nutrientes são extraídos no processo”, explicou Swanson.

 

Os pesquisadores também encontraram mudanças significativas na composição microbiana intestinal entre as gatas magras no início do estudo e após 18 semanas de ganho de peso. A abundância relativa de Bifidobacterium, que tem atividade antimicrobiana, inibe patógenos e estimula o sistema imunológico, aumentou, enquanto a Collinsella, que degrada fibras e tem sido associada a doenças pró-inflamatórias, diminuiu. Esses resultados são opostos ao que foi medido em humanos com sobrepeso e sugerem que sua associação com o ganho de peso é complexa, observou Swanson.

 

“A mudança no tempo de trânsito gastrointestinal foi uma descoberta nova e uma razão potencial para a mudança na microbiota fecal. Estudos futuros devem considerar a medição do tempo de trânsito para explicar melhor as modificações no microbioma dos animais de estimação”, acrescentou.

 

À medida que o consumo de comida das gatas crescia, também crescia a sua produção fecal. Em outras palavras, à medida que comiam mais, também faziam mais cocô. Ao mesmo tempo, o pH fecal diminuiu, o que significa que as fezes tornaram-se mais ácidas.

 

“Em humanos, um pH fecal baixo indica má absorção de carboidratos e gordura. Nossas descobertas se correlacionam com isso, já que a redução do pH fecal está alinhada com maior ingestão de alimentos e redução da digestibilidade”, disse Swanson.

 

Os pesquisadores também mediram o nível de atividade das gatas com um monitor preso a uma coleira. As gatas foram alojadas em grupo onde puderam interagir entre si e brincar com brinquedos, exceto nos dias em que foram coletadas amostras de fezes.

 

“Esperávamos que o ganho de peso pudesse levar à diminuição da atividade física, mas não observamos nenhuma mudança consistente no nível de atividade. No entanto, isso pode variar de acordo com cada gato e seu ambiente, e com o quanto seus tutores interagem com eles”, afirmou Swanson.

 

Compreender as alterações metabólicas e gastrointestinais que ocorrem com o ganho de peso e a obesidade em animais de estimação pode ajudar nos planos futuros de prevenção e tratamento, concluem os pesquisadores.

 

Os tutores de animais de estimação que desejam ajudar seus gatos a perder peso podem empregar várias estratégias. Em outro novo estudo, Swanson e seus coautores mostraram que a alimentação restrita pode promover peso seguro e perda de gordura em gatos. Os pesquisadores também sugerem que os tutores dos animais de estimação incentivem a atividade de seus companheiros felinos. Por exemplo, eles podem estimular a coleta de alimentos colocando comida pela casa ou usar quebra-cabeças alimentares durante as refeições para promover o envolvimento e o enriquecimento mental.

 

Após a conclusão do estudo de ganho de peso, as 11 gatas foram submetidas a uma dieta alimentar restrita que as ajudou a voltar ao peso normal.

 


 

Escrito por Marianne Stein

Traduzido e adaptado por Flavio O. Francisco, PhD

 

Clique aqui para ler o artigo original em inglês.

 

Referências

Opetz DL, Oba PM, Swanson KS. 2023. Effects of overfeeding on the digestive efficiency, voluntary physical activity levels, and fecal characteristics and microbiota of adult cats. J Anim Sci. 101:skad338. doi: 10.1093/jas/skad338

Opetz DL, Oba PM, Kostiuk D, Kelly J, Swanson KS. 2023. Effects of weight loss and feeding specially formulated diets on the body composition, blood metabolite profiles, voluntary physical activity, and fecal metabolites and microbiota of overweight cats. J Anim Sci. 101:skad332. doi: 10.1093/jas/skad332

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