bolas de pelo

Seu gato e as bolas de pelo: Você deve se preocupar?

Quando seu gato solta uma salsicha de pelo viscoso (bola de pelo), você pode ficar com nojo ou irritado (especialmente se você estiver descalço ou um tapete favorito estiver envolvido). Mas você também pode se perguntar: isso é normal? Uma mecha de pelo ocasionalmente regurgitada não é motivo de preocupação, porém se ocorrer com frequência pode significar que seu gato tem algum problema de saúde, como ansiedade, alergias ou um microbioma intestinal (a comunidade de bactérias no trato digestivo) desequilibrado.

O que causa as bolas de pelo nos gatos?

Os gatos domésticos passam de 30% a 50% de seu dia ‘tomando banho’, aquele momento em que eles ficam se lambendo, sabe? Este é um comportamento saudável pois é como os gatos se mantêm limpos, além de ser muito relaxante para eles. Porém, por causa das papilas em forma de espinhos que eles têm em suas línguas, eles acabam engolindo muitos dos pelos soltos nestes ‘banhos’. Pelos são feitos de queratina, uma proteína que os mamíferos não conseguem digerir, então se os gatos engolem estes pelos eles devem ser eliminados com as fezes.

“O gato desenvolveu um trato digestório que, quando está saudável e funcionando corretamente, pode lidar com quantidades normais de pelos, sem problemas”, diz a diretora executiva do Conselho CATalyst, Dra. Jane Brunt.

Quando coletar amostras de fezes de seu gato para a análise do microbioma você pode ficar se assustar ao ver alguns pelos, mas isso é normal. A bola de pelo (o termo técnico é um tricobezoar) se forma quando alguns dos pelos ingeridos permanecem no estômago do gato. Se esta bola de pelo fica muito grande para passar para os intestinos, o gato acaba regurgitando-a. E quando isso acontece, essa bola é espremida ao passar pelo esôfago em seu caminho para a boca tomando aquele formato mais comprido que parece uma salsicha.

Portanto, as bolas de pelo acontecem porque o pelo ingerido não se move facilmente através do trato digestório do gato ou porque o gato está ingerindo muito mais pelo do que o sistema digestório consegue lidar. E os cachorros? É raro que cães tenham bolas de pelo, mas pode acontecer.

Bolas de pelo e o microbioma intestinal do seu gato

A frequência em que as bolas de pelo ocorrem pode ser um sinal de que a motilidade do sistema digestório esteja prejudicada. Isto significa que aquilo que o seu gato ingere não atravessa os intestinos da maneira que deveria, prejudicando a digestão. Além disso, outro aspecto importante da motilidade é que ela limita a quantidade de tempo em que patógenos e antígenos ficam em contato com as paredes intestinais. Então, quando essas substâncias não são adequadamente eliminadas do intestino, ocorre um supercrescimento bacteriano que pode interferir na absorção de nutrientes pelo corpo.

Sabemos que a relação entre a motilidade e o microbioma é uma via de mão dupla: mudanças na maneira como os intestinos movem o material ingerido podem causar alterações no microbioma intestinal, mas o microbioma também influencia muito a função motora do intestino. Por exemplo, ácidos graxos de cadeia curta, que ajudam a regular a motilidade intestinal, são produzidos quando bactérias benéficas no intestino fermentam carboidratos complexos.

Quando as populações de bactérias intestinais de um gato estão desproporcionais ou as principais bactérias benéficas estão ausentes, descrevemos o microbioma intestinal como desequilibrado. Um microbioma intestinal desequilibrado é um dos fatores que podem levar à doença inflamatória intestinal (IBD) e a inflamação crônica do trato digestório pode interromper gravemente a motilidade.

Se você quiser saber mais sobre a saúde intestinal do seu próprio gato, peça nosso teste de saúde intestinal para gatos, o Catbioma. Você receberá um relatório personalizado que inclui recomendações de dieta e nutrição com base na composição exclusiva do microbioma do seu gato. Como o teste de microbioma pode identificar grupos problemáticos de bactérias e detectar desequilíbrios precocemente, você pode realmente ser capaz de prevenir certos problemas de saúde em seu felino, fazendo alterações em sua dieta.

Os grande gatos têm bolas de pêlo?

Embora os grandes gatos, como leões e leopardos, se limpem da mesma forma que os gatos domésticos e também têm as línguas ásperas, eles quase nunca têm bolas de pelo. Por outro lado, hienas, um primo dos gatos, são capazes de digerir ossos, mas não pelos, e regularmente regurgitam bolas de pelo na natureza.

Excesso de lambidas pode indicar ansiedade ou alergia

Os gatos que regurgitam muitas bolas de pelo podem estar ingerindo uma quantidade anormal de pelo por excesso de banhos de língua. O  fato deles se lamberem muito pode ser um sinal de ansiedade (em resposta a uma mudança repentina no ambiente do gato, por exemplo), mas também pode indicar alergias, sensibilidades alimentares ou condições da pele que causam coceira. Os gatos também podem reagir com lambidas quando sentem dor em uma parte de seu corpo. Portanto, se você acha que seu gato está se limpando muito ou muito vigorosamente, verifique com seu veterinário.

As bolas de pelo podem ser perigosas?

Se uma bola de pelo ficar presa em algum lugar do trato digestório, este bloqueio pode ser fatal. Bloqueios gastrointestinais exigem intervenção cirúrgica imediata, por isso, se o seu gato apresentar os sintomas abaixo, consulte o seu veterinário imediatamente:

  • vômito improdutivo repetido
  • letargia
  • falta de apetite
  • constipação
  • diarreia

A tosse às vezes é mal interpretada como engasgos relacionados à bola de pelo, mas pode indicar asma ou outros problemas respiratórios, por isso é importante consultar o seu veterinário se o seu gato está tossindo.

O que você pode fazer para evitar bolas de pelo?

  • Escovar regularmente ajuda a remover os pelos soltos o que é especialmente útil para gatos de pelos longos ou gatos mais velhos.
  • Fornecer várias pequenas refeições em vez de uma ou duas grandes refeições por dia pode ajudar a evitar o acúmulo de pelos no trato gastrointestinal.
  • Não use laxantes sem consultar seu veterinário.


Escrito por Ellen Barber.
Traduzido e adaptado por Flavio O. Francisco, PhD.

Clique aqui para ler o artigo original em inglês.

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