É exagero ou os suplementos de enzimas digestivas para o seu cão são realmente importantes? As enzimas digestivas quebram a comida do seu cão em pedaços pequenos o suficiente para serem usados nas funções vitais da vida. Assim como os humanos, os cães não sobrevivem sem suas próprias enzimas digestivas.
Atualmente, existem muitas marcas que comercializam suplementos de enzimas digestivas para cães. Elas afirmam que irão melhorar a digestão do seu animal de estimação, porém, essas afirmações podem não ser tão precisas. Embora pareça que a adição de enzimas beneficiaria todos os cães (especialmente aqueles com problemas digestivos), esse não é necessariamente o caso. Neste artigo, abordaremos o que são enzimas digestivas, como são produzidas e se os cães se beneficiam desses suplementos.
Sobre as enzimas digestivas
Primeiro, vamos conhecer as enzimas e por que elas são importantes. As enzimas digestivas são proteínas que “cortam” os alimentos em pequenos pedaços para que o corpo possa absorver os nutrientes. Existem três tipos principais de enzimas digestivas: as proteases, as amilases e as lipases.
- Proteases: As proteases quebram as proteínas que compõem alimentos.
- Amilases: As amilases quebram os carboidratos nos alimentos que seu cão come. Comparados às pessoas, os cães não são tão habilidosos em quebrar carboidratos, porque seus corpos produzem menores quantidades de amilase.
- Lipases: As lipases quebram as moléculas de gordura nos alimentos.
Onde são feitas essas enzimas?
Em cães, a maioria das enzimas digestivas é produzida pelo pâncreas, um órgão relativamente pequeno que fica próximo ao estômago e ao intestino delgado. O pâncreas é uma fábrica de enzimas digestivas e secreta enzimas nos alimentos à medida que os alimentos saem do estômago. Quando a comida se move através do intestino delgado, as enzimas do pâncreas quebram as proteínas, gorduras e açúcares para que possam ser absorvidas pelo corpo do seu cão.
Os alimentos para animais de estimação que são cozidos são mais difíceis para os cães digerirem?
Uma afirmação utilizada para justificar o uso de suplementos de enzimas digestivas, é a de que os alimentos para animais de estimação que foram cozidos são mais difíceis de digerir porque destruíram as enzimas nos alimentos. É verdade que existem enzimas nos alimentos que podem ser danificadas durante o cozimento, mas os cães digerem os alimentos com as enzimas produzidas por eles eles mesmos, e não com as enzimas de seus alimentos.
Para animais com pâncreas normal, não há evidências de que enzimas adicionais tenham benefícios para a digestão ou para a saúde geral.
Um estudo recente mediu a digestibilidade de alimentos em cães saudáveis que receberam suplementos de enzimas digestivas. O estudo constatou que não houve diferença na digestibilidade de proteínas, gorduras e carboidratos ao comparar com cães que receberam alimentos sem enzimas.
Alguns veterinários pensam que suplementar um cão saudável com enzimas digestivas pode suprimir a produção pelo pâncreas e pode levar à dependência do suplemento enzimático.
Seu cão tem um suprimento limitado de enzimas que vai acabar?
Algumas marcas incentivam o uso de seus suplementos enzimáticos com base na alegação de que seu cão tem um suprimento limitado de enzimas e, eventualmente, ficará sem elas, a menos que sejam adicionadas à dieta. Isso não é verdade para um cão saudável.
O pâncreas produz e adiciona enzimas aos alimentos conforme necessário e não as esgota.
Se o pâncreas produz enzimas digestivas, por que um cão precisa de um suplemento enzimático?
A maioria dos cães produz suas próprias enzimas com o pâncreas. No entanto, existem doenças e condições que podem limitar a capacidade do pâncreas de fazer seu trabalho.
Por exemplo, cães com pancreatite – uma inflamação do pâncreas – podem precisar de enzimas digestivas adicionais porque o pâncreas não funciona tão bem quanto o necessário. Existe também uma doença específica chamada insuficiência pancreática exócrina (IPE) que danifica o pâncreas, tornando-o incapaz de produzir enzimas suficientes. Cães com IPE podem perder peso rapidamente apesar do apetite voraz. Eles também podem sofrer com problemas digestivos, incluindo diarréia, náusea e/ou vômito. Algumas raças são mais propensas a ter IPE, incluindo Pastores Alemães e Collies.
Um veterinário pode confirmar a doença e prescrever suplementos de enzimas digestivas de alta qualidade que normalmente ajudam a aliviar os sintomas. Porém, observe que, para cães que não têm IPE, a prescrição dessas enzimas provavelmente não trazem nenhum benefício.
Existem vários suplementos naturais em cápsulas ou em pó que você pode adicionar à dieta do seu cão para ajudar a quebrar os alimentos.
Devo consultar um veterinário antes de introduzir novos suplementos ao regime do meu cão?
Se você suspeitar que há um problema com a digestão do seu animal de estimação, recomendamos que converse com seu veterinário para ver se você consegue descobrir a origem do problema. Quando um cão começa a ter problemas digestivos recorrentes, pode ser sinal de uma condição mais séria, como insulinoma, doença inflamatória intestinal (DII) ou linfoma gastrointestinal. Nestes casos, as enzimas digestivas não resolverão. Ou seu cão pode simplesmente ter um microbioma intestinal desequilibrado.
Talvez seu cão simplesmente pode ter um microbioma intestinal desequilibrado (disbiose). O microbioma intestinal de um cão (bactérias encontradas no trato digestivo) tem uma grande influência na função intestinal. Alguns cães podem estar perdendo as principais bactérias benéficas do intestino que são encontradas em cães saudáveis. Essas bactérias ausentes geralmente desempenham papéis cruciais no sistema digestivo, como ajudar na digestão. O relatório do exame de microbioma da Petbiomas fornece recomendações de dieta personalizadas com base na composição do microbioma intestinal do seu cão. Cada relatório oferece uma lista detalhada das bactérias que vivem no intestino do seu cão e compara os tipos e proporções de bactérias ao nosso banco de dados de cães saudáveis.
Escrito por Seana K. Davidson, PhD.
Traduzido e adaptado por Flavio O. Francisco, PhD.
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