A disbiose já pode estar presente no intestino, antes mesmo dos sintomas aparecerem. Quando os pets apresentam os sintomas, isso é sinal de que a disbiose já está presente há bastante tempo. Por isso, é importante prevenir, verificando rotineiramente como anda o microbioma intestinal do seu pet.
O microbioma intestinal é fundamental para a saúde do hospedeiro, pois os microrganismos fermentam os nutrientes fornecendo metabólitos que mantêm a saúde do epitélio intestinal e o equilíbrio do sistema imunológico local e sistêmico (saiba mais: “Nutrientes e o microbioma intestinal”). As doenças gastrointestinais obviamente estão intimamente relacionadas à disbiose (o desequilíbrio do microbioma intestinal), porém outras doenças, aparentemente sem relação com o intestino, também podem acontecer pela mesma causa. Algumas das doenças que já foram relacionadas com o desequilíbrio do microbioma intestinal são a atopia, a depressão, o diabetes mellitus e a obesidade.
Os 2 tipos de disbiose: primária e secundária
A disbiose primária é aquela que acontece sem motivo aparente, e acomete algumas raças de cães, principalmente as de grande porte como o Pastor Alemão que tem predisposição genética. Os sintomas iniciais de disbiose primária podem ocorrer em cães ainda muito jovens, sendo eles a diarreia, a perda de peso e a dor abdominal. Não existem meios diagnósticos precisos para este tipo de disbiose, e não é possível definir o agente causador.
Ainda assim, a diarreia deste tipo de disbiose, apesar de não ter um agente causador, responde bem ao uso de antibióticos e por este motivo, a doença é conhecida como enteropatia responsiva a antibióticos (ERA). Porém, após a terapia com antibióticos, o pet acaba tendo recaídas e o quadro de diarreia volta a acontecer. Como não existem testes diagnósticos específicos, este quadro leva à conclusão de que o pet tem esta doença intestinal (enteropatia). Portanto, a ERA é aquela em que a diarreia melhora após uma terapia com antibióticos, porém a diarreia volta a acontecer logo após a terapia.
A disbiose secundária é mais comum e geralmente tem uma causa específica. Existem várias causas como câncer, obstruções, presença de corpos estranhos, patógenos, imunossupressão, uso de antibióticos, dieta, fatores ambientais, dentre outras. Os sintomas principais são diarreia aguda que apresenta uma tendência a se tornar crônica, emagrecimento e depressão. Estes mesmos sintomas são observados na doença intestinal inflamatória (DII) e na insuficiência pancreática exócrina (IPE).
No caso da DII, não se sabe exatamente a causa da diarreia (como na ERA), porém a terapia com antibióticos apresenta respostas variáveis, ou seja, a terapia com antibióticos pode funcionar para um porém não funciona para outro. E dependendo do paciente apenas o uso de anti-inflamatórios e imunossupressores aliviam os sintomas.
Os pets que sofrem de IPE, possuem baixos níveis de B12 pois o suco pancreático é essencial para absorção desta vitamina. Além disso, o suco pancreático também é essencial para a manutenção do equilíbrio do microbioma intestinal, e nestes pets, a disbiose se agrava por causa desta insuficiência.
Em qualquer doença intestinal crônica, ocorre a inflamação de todo o trato gastrointestinal, e isto interfere negativamente na absorção de vários nutrientes e vitaminas. Um dos exames que ajudam na suspeita de disbiose é a dosagem de vitamina B12 sérica. Esta vitamina é importante para a formação de células sanguíneas, auxiliam no metabolismo de gorduras, carboidratos e proteínas e atuam na manutenção do sistema nervoso, do DNA e do RNA.
A diarreia aguda que ocorre nas doenças gastrointestinais resulta em disbiose severa, reduzindo as bactérias produtoras de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) como Blautia spp., Ruminococcus spp., Faecalibacterium praunitzii e Turicibacter spp. e aumento do gênero Clostridium spp.. Com a diminuição da diversidade microbiana, os nutrientes não são fermentados, ocorrendo uma diminuição da produção de metabólitos que favorecem o epitélio intestinal e o equilíbrio do sistema imunológico, resultando nos sintomas observados. O uso de antibióticos de amplo espectro apenas agrava o quadro intensificando o desequilíbrio da diversidade e da uniformidade da microbiota intestinal. Após o tratamento, muitas espécies conseguem se recuperar, porém não retornam à composição original.
Para prevenir o surgimento de doenças gastrointestinais e outras relacionadas com a disbiose, a Petbiomas tem os exames ideais! Com nossos exames você vai conseguir saber mais sobre os mistérios do microbioma intestinal do seu pet!
Escrito por Flávio Francisco PhD
Referência
Duarte, R. 2020 Disbiose Intestinal Canina: Diagnóstico e Tratamento. Informativo Técnico PremierVet.
Disponível em: https://www.premierpet.com.br/wp-content/uploads/2020/11/Disbiose-intestinal-canina-Diagnostico-e-tratamento.pdf